sábado, 7 de novembro de 2009


Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. E lancem fora o servo inútil, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes.” (Mateus 25:29-30)

Jesus narra a história de um homem que, sendo senhor de uma terra, saiu de viagem. Por causa disso, distribuiu para os seus servos certa soma de dinheiro, de acordo com a capacidade de cada um, confiando neles para que o dinheiro rendesse na sua volta. Um deles, que recebeu 5 talentos [unidade de peso, com valor monetário. O significado de "talento" como "dom" deriva daqui. (1)] negociou e conseguiu mais 5; outro recebeu 2 e, negociando, conseguiu render mais 2; o último servo recebeu apenas 1, enterrando-o. Quando o dono da terra voltou, pôs-se a acertar as contas com os servos, e parabenizou aos dois primeiros pela aplicação, dando-lhes como recompensa os próprios talentos obtidos. Quanto ao último, que apresentou uma desculpa bem infantil por sua preguiça, repreendeu severamente, tirando-lhe aquele talento e expulsando-o de sua presença para sempre. A parábola completa pode ser lida em Mt 25:14-30.

É preciso cuidado para não interpretar erroneamente esse texto. Jesus não está falando de recompensas materiais. Não há nada aqui sobre sucesso profissional. Pingos-nos-is, consideremos o ensino de Jesus aqui.

1. Jesus está falando dos recursos que Ele distribuiu a cada um de seus servos, para o crescimento do Seu Reino.

2. Essas tarefas têm valor para Deus. Ou seja, Deus espera retorno delas.

3. Os resultados pertencem ao Doador dos recursos. Os servos têm a obrigação de fazê-los dar resultados, com pena de punição eterna se falharem.

Podemos entender a parábola nestes dois versículos, que adotamos como texto deste post. E o que a Bíblia ensina aqui é o seguinte: no Reino dos céus, quem tem resultados, receberá ainda mais recompensas (fora o que já recebeu dos homens, elogios etc), e terá em abundância. Quem não tem resultados, até o que tem de bom perante os homens, como a boa reputação ou a boa imagem, lhe será tirado.

Veja que tudo é questão de trabalhar com aquilo que Deus nos deu. Você tem alguma vocação? Ótimo. Desenvolva-a para o crescimento do Reino de Deus. Ou poderíamos perguntar: quantas habilidades você possui? É o que Deus lhe deu para trabalhar. E, preste atenção, Deus espera os seus resultados.

É lamentável aquilo que vemos atualmente no cenário eclesiástico brasileiro. Os pregadores pentecostais mais famosos, em geral, são os que mais pregam para crentes, ou melhor, para pentecostais. Sua lingüagem é aquela utilizada nas igrejas pentecostais; seu comportamento no púlpito é voltado para a animação da platéia pentecostal; os dons espirituais recebidos são usados sem pensar no impacto causado nos descrentes presentes na platéia.

Aqueles que ganham a cobiçada oportunidade de um programa de televisão ou rádio (sem generalizar, é claro) fazem seus programas para o público pentecostal (afinal, a maioria dos programas é feito por pentecostais ou neo-pentecostais), e não oferecem nenhum atrativo para a mãe de família que, em pleno domingo, ficou sozinha em casa. Seu marido foi beber com os amigos no bar e seus filhos foram brincar na rua, com amigos de moral duvidosa. Essa mesma senhora liga a TV e o que ouve? “RECEBA O PODER DO ESPÍRITO! FALE EM LÍNGUAS!” E, se ela for católica, pode ver a imagem do santo da qual é devota sendo chutada; ou sua religião sendo gravemente ofendida por pessoas que nunca leram a respeito. Devemos dizer, sem o menor amor.

No cenário de louvor e adoração, as coisas não são muito mais animadoras. As canções são compostas com o objetivo de “levar a igreja à adoração”. E o “descrente à conversão”? Não, porque a adoração é para Deus, certo?

Isso sem falar na pobre igreja, que quer cantar junto com os “adoradores”, mas não pode, porque os ministros ficam entoando “cânticos espontâneos”, oriundos de suas próprias almas. No fim, a adoração realmente é vertical – mas somente para o grupo de louvor (cujos integrantes preferem ser chamados “levitas”).

Aqueles que fazem essas coisas devem tomar cuidado, porque podem achar que estão negociando o dinheiro do Senhor quando, na verdade, estão apenas trocando moeda, e levando prejuízo. Pior: sem perceber, podem estar enterrando o dom que Deus lhes deu, já que não está dando resultado algum.

Mas neste texto percebemos que uma das formas que agradar a Deus, de adorá-lo, é desenvolvendo aquilo que o Senhor nos deu, para alcançar àqueles que ainda não O conhecem. Esse é o resultado que Ele espera de nós. Se você é músico, seja o melhor músico possível para que pessoas possam, através de sua música, encontrar-se com Deus. Se você é pregador, orador, ou qualquer outra coisa para a qual se ache vocacionado, faça com que isso seja revertido para a conversão de pessoas, e o crescimento da própria Igreja. Sirva. Sirva o mundo e sirva a igreja.

Que nossa adoração seja vertical, mas com alcance horizontal.

Que nossa pregação seja ungida, e os dons convençam ao invés de afastar e gerar ainda mais dúvidas.

Que façamos da igreja um lugar prazeroso para aqueles que a visitarem.

Que o Senhor, quando voltar, nos considere “servos bons e fiéis”. E nos recompense ao invés de nos afastar de Sua preciosa presença

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